Cabana - Alojamentos

- Hey, Bastardo... Ainda está vivo?

Sigurd só tem tempo de perceber que estava sendo chutado por uma perna cumprida.

A cabana que ficava dentro do Caern não tinha qualquer conforto além do chão e algumas peles para aqueles que não tinham onde ficar... O fogo estava apagado já que nada ali era cozido para ninguém. A porta aberta deixava o frio entrar. Lá fora ainda era estava escuro.

O homem que o acordara estava parado, em pé, olhando o jovem Rotagar. Tinha um tom de voz jocoso conhecido, assim como a silhueta... era Dane, conhecido como Garras-Sangrentas, Rotagar da Horizontes de Glória.

A dor nas costelas faz com que o jovem Sigurd acorde. Não era a primeira e nem seria a última vez que aquilo aconteceria, mas depois da morte de seu pai, parecia que os integrantes de sua matilha faziam de tudo para lhe importunar cada vez mais.

Não bastasse o cansaço do treinamento do dia anterior, agora vinha aquele imbecil acordá-lo. Sabendo que não teria paz enquanto o Garou não tivesse sua diversão às suas custas, Freyason se levanta o mais prontamente possível e encara Garras-Sangrentas.

- Infelizmente para você, ainda estou.

Com os punhos cerrados, mas sem denunciar qualquer emoção no olhar, o jovem Fenrir continua a encarar um dos antigos colegas de seu pai.

O Rotagar olha o garoto de punhos cerrados e isso o deixa alguns segundos em silencio esperando para ver o q faria:

- O que um pedaço de merda como você vai fazer, me bater?

Então ele ri, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada que ele já vira.

- Pega suas coisas e vamos, bastardo. Talvez as Nornes sorriam para a gente antes do final do dia...

Os insultos sempre deixaram Sigurd uma pilha de nervos e ele sabia que, fosse ele de outra lua, talvez já estivesse morto por suas ações. Mas o garoto era mais esperto que isso e sabia que para chegar a ser alguém um dia e levar o nome da família de sua mãe a algum lugar, teria de manter a cabeça fria.

"Um dia, seu maldito filho de meretriz."

Ainda com os olhos colados no Rotagar à sua frente e sem deixar que suas feições o traíssem, Freyason se indaga.

"Por Odin, que raios você quer comigo?"

Receoso em se tratar de mais uma das inúmeras peças e humilhações que os outros Garous o submetiam, Sigurd vai buscar suas coisas sem dar as costas a Dane como instruído, afinal de contas a Litania dita que ele deve obediência e respeito aos de posto superior.

Preparado, ele se apresenta novamente em frente a Dane.

- Aonde vamos?

O Rotagar o observa com atenção, sem sequer se mover. Estava com os braços cruzados na altura do peito sendo que no dirento faltava-lhe a mão. Só quando Sigurd se põe à sua frente, pronto, que ele volta a falar:

- Eu não devo satisfação nenhuma pra você, pivete.... Venha.

E vira as costas, saindo para a floresta. A noite estava fria e escura, sem estrelas, e a lua crescente era a única fonte de iluminação. O Fenrir olha para o céu, em silêncio, parecia que estava atento à alguma coisa... em seguida ele suspira e volta-se para o mais jovem outra vez:

- Você já sabe caçar ou esse rabo inútil não presta nem para isso?

A supresa de ser desperto de maneira abrupta já havia passado e Sigurd começa a colocar as ideias no lugar. Por que o Rotogar da Horizontes de Glória o acordaria àquela hora para ir caçar?

Apurando os sentidos e prestando atenção a tudo, ele tenta descobrir se a emboscada estava logo ali, na saída da cabana.

"Nada. Provavelmente estão esperando aonde quer que ele queira me levar."

- Eu sei caçar, maneta. Mas aonde está o resto da sua matilha? Me esperando pra mais uma das suas bravatas? Ou você tirou a noite pra caçar em minha nobre companhia?

A sobrancelha erguida e um leve sorriso de escárnio mostravam que o jovem Fenrir aprendia rápido a fazer chacota com os outros.

"Vamos... Me dê um sinal do que você quer."


OFF: 3 sucessos no teste de percepção

O Rotagar parecia se divertir com a atitude do mais jovem e responde, no mesmo tom de escárnio só que dessa vez mais maligno:

- Está com medo, bastardo? Vai correr pra mamãe de novo, aquela rameira inútil incapaz de dar um filho glorioso para o Siggeir?

Sigurd podia sentir a fúria começar a tocar seu coração...

Sigurd sentiu o ódio crescer em seu peito. Sempre que algum daqueles imbecis queria lhe atingir, usava o nome de sua mãe. Talvez fazer com que ele ficasse irritado fosse a intenção do Rotagar desde o início e apesar de estar começando a ficar, ele não lhe daria aquele gosto.

Se o idiota queria mexer com ele, deveria estar pronto para ser ridicularizado de volta. Respirando para se acalmar e não deixar seu interlocutor notar a sua irritação, Sigurd responde.

- Foi ciúmes que eu ouvi na sua voz? Dizendo isso até parece que era você quem queria dar um filho glorioso a ele. Mas que pena... Garou Macho não dá cria pelo rabo, não é mesmo?

Freyason faz uma breve pausa para o Rotagar absorver o insulto, mas não o suficiente para que ele responda.

- Mas o que você e meu pai faziam sozinhos na floresta não é de minha conta e nem me interessa. O que me interessa é saber se você veio até aqui por algum motivo que não fosse me fazer perder tempo com sua faladeira.

Dessa vez o jovem Garou não esboça emoção alguma ao falar. Queria ver até onde o outro compraria a briga.

"Se eu não norrer agora, tenho uma chance de me tornar um Rotagar..."

O Rotagar, que estava até então em tons de brincadeira, com as palavras de Sigurd parece ficar completamente sério. Suas próximas palavras saem com mais do que agressividade, saem com desprezo:

- Olha só pra você, vermezinho insolente, querendo parecer mais homem do que é só para não parecer magoado porque papai não te deu um brinquedo... Seu pai deveria ter estuprado sua mãe e deixado ela para no bordel onde a encontrou, seria uma vida muito mais digna do que parir um merda como você, mas ele gostava dela... Você acha que consegue me ofender com suas brincadeiras de criança? Você tem cara de cu, cheiro de cu, mas não passa de um bosta.... Decepcionou seu pai, destruiu a vida da sua mãe e agora vai desonrar Fenris com a sua fraqueza.


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Testa a fúria, dificuldade 6 para você

As humilhações vindas de qualquer um o fariam urrar de ódio, mas as palavras já não faziam mais o efeito de antes e ele se sente completamente anestesiado ao ouvir as ofensas dirigidas a sua mãe. Por outro lado, ele havia descoberto um ponto fraco do Rotagar e isso lhe dava um ponto aonde se apoiar.

A seriedade na voz do Fenrir o fez entender que talvez fosse a hora de parar de empurrar e ver se algo de útil sairia de lá, mas não sem antes deixar mais algumas coisas claras.

- Chorar porque meu pai não me deu um brinquedo? Meu pai não me deu NADA! Nada além dessa cara de cu que você mencionou. Você diz que eu decepcionei meu pai, mas como eu posso decepcionar alguém simplesmente pela lua sob a qual eu nasci? Decepcionei ele porque minha vontade de viver era tão grande que eu nasci antes da lua que ele gostaria?

Sigurd respira fundo e atira suas coisas ao chão, próximo ao local aonde estava deitado.

- Eu não decepcionei ninguém e nem desgracei a vida de minha mãe. E com certeza eu vou provar pra você e pra quem mais quiser ver que o Grande Fenris não me escolheu como filho sem motivo.

Finalmente o jovem Fenrir se cala. O cansaço mental o fazendo arquear os ombros e pender os braços lívidos ao lado do corpo. Ele não queria nada além de um tratamento justo e digno, mas aquilo aparentemente era demais.

Notando que a fome começava a lhe incomodar novamente e que caçar ao lado de alguém mais experiente seria mais fácil, ele exerce a humildade e pergunta em tom baixo:

- Você ainda quer caçar ou pretende continuar me humilhando o resto da noite?

O Rotagar não responde imediatamente, mas seu silêncio era significativo. Ele gasta um tempo olhando o mais jovem, o avaliando... por fim, parecendo mais calmo e com a voz mais séria, ele apenas diz:

- É um começo.

Ele dá se ombros, havia chegado até onde queria ir com o garoto.

- Eu não vou caçar com você, eu vou te levar embora. Se apressa, bastardo, que tenho que te entregar para os mais velhos.

A princípio a afirmação de Danne confunde o jovem Garou, mas então ele percebe a intenção do Rotagar.

"Ele estava preocupado."

- Isso significa que meu treinamento acabou, então...

Se apressando em pegar suas coisas do chão, ele se aproxima do Fenrir à sua frente e acena afirmativamente demonstrando que estava pronto.

Sem muitos rodeios, ele agradece brevemente.

- Obrigado...

- Você é Rotagar e uma das crias de Fenris... não se esqueça de quem você é, Bastardo, mesmo que o mundo queira que você o faça. Você vai ser mais forte assim.

Ele nao fiz mais nada, mas sai para a floresta imaginando que estava sendo seguido... (prox post em Cavernas - entranhas do Caern)