A Clareira

Axel estivera dormindo na Clareira da floresta em sua forma lupina até ser acordado suavemente com uma lambida no focinho... Mas ao despertar, estava sozinho. As estrelas já não estavam no céu mas o Sol ainda não nascera, o que indicava que aquela deveria ser a última hora da noite...

"Hati?", pensou Axel ao abrir os olhos e ver que não havia ninguém em sua companhia. "Me deixa dormir mais um pouco, seu lobo inconveniente". Ele rolou algumas vezes na grama, coçando as costas na relva úmida, já sem conseguir mais pregar os olhos. De pé, ele esticou as patas dianteiras se espreguiçando e escancarou a bocarra em um bocejo longo e pronunciado.

Os cheiros da clareira eram agradáveis, especialmente na forma lupina. O orvalho do início do dia, a terra sob a grama úmida. Logo mais seria uma boa hora para caçar.

Os cheiros do novo dia eram frescos e revigorantes e, como tudo naquele Caern, cheirava à maresia. Havia sempre uma tensão nervosa no ar, como se alguma coisa estivesse prestes a estourar e, na forma lupina, isso ficava evidente de uma forma elétrica... como se um raio fosse cair a qualquer momento.

A temperatura já estava mudando mesmo antes do sol, o que indicava que seria um dia quente... quente e úmido, dava para sentir no focinho que havia chuva a caminho.

Os sons da floresta eram normais, mas algo pesado se aproximava nas sombras, quebrando alguns galhos enquanto caminhava sob duas pernas, nao parecia ter qualquer intenção de se esconder...

Axel farejava despretenciosamente o chão da clareira quando um barulho próximo dali o alertou. Ele instintivamente olhou para cima na direção do som, as orelhas empinadas por reflexo. Ele só conhecia um animal que andava sobre duas patas por aquela região.

Como um fantasma na relva, ele deslizou sem fazer nenhum som sequer até a cobertura das árvores, onde parou sob a sombra de um tronco, quase invisível, os ombros projetado esperando para ver quem se aproximava.

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Off: 6 sucessos no teste de furtividade

O hominídeo para, próximo de onde antes estivera o Juíz anteriormente, parecendo confuso... Ele sabia ser um Garou pois já o vira outras vezes no Caern, mas não era capaz de sentir a Raça Pura dos Fenrir. O Hominídeo chamava-se Bjorn Mãos-de-Martelo e não carregava nada consigo.

O homem parado no meio da clareira impressionava pelo tamanho. Mãos-de-Martelo era uma figura impressionante e com certeza já havia esmagado muitos inimigos. Alguns talvez só com o olhar. "Essa um dia deve ser uma briga boa". Ele sabia que não tinha chance nenhuma contra aquele guerreiro experiente. Mesmo assim decidiu se divertir um pouco.

Pisando forte na relva, Axel saiu de seu esconderijo com os olhos fixos no outro garou, dentes à mostra, um rosnado nervoso na garganta enquanto andava de um lado para o outro, em uma atitude de desafio. Aquele era um movimento arriscado para um jovem como ele, mas como Fenrir a sensação do perigo era satisfatória. "E aí,
vai encarar?"

- Em qualquer momento, garoto, eu chutaria sua bunda daqui até Luna...

O grandalhão fala ao Meia-Lua, o tom era de satisfação apesar da surpresa em ver o lobo brotar da terra com atitude.

- Mas agora preciso te levar ao nosso Jarl. Quando você voltar, lutamos como dois Forseti devem fazer.

Na sua mente ele dá um brado de vitória. Sabia que não tinha vencido porcaria nenhuma, mas pelo menos não tinha levado a surra que merecia.

"Já terminou de se divertir, garoto?" irrompeu uma voz profunda em seus pensamentos. Era a voz de Hati, o espírito lobo que acompanhava sua família há gerações.

"Eu levei a melhor nessa, Hati", respondeu em seus pensamentos.

"Você teve é sorte daquele Garou não quebrar essa sua cara. Deveria perder pelo menos uma orelha pra deixar de ser metido. Agora vai logo porque o que ele quer é importante"

O lobo Axel saiu da postura de desafio e ficou próximo do Forseti, esperando que ele mostrasse o caminho.

O Forseti para e parece pensar duas vezes se deveria ou não dar uma surra no moleque pela audácia de se achar vencedor de porra nenhuma... mas ele tinha uma missão, ele não iria falhar. Agora. Se tinha algo que Mãos-de-Martelo tinha era uma boa memória para promesas..

- Na volta, garoto. Na volta...

E é a ultima coisa que diz enquanto segue para uma parte do Caern onde nenhum dos filhotes tinha acessado ainda. (Proximo post deve ser em Cavernas - entranhas do Caern)

Uller sente a energia dos dois mundos percorrendo seu corpo como correntes de ar de diferentes direções... a energia espiritual é como água fria em uma manhã de sol: revigorante e deliciosa enquanto a energia do mundo terreno é mais como o calor de uma fogueira: acalentadora e poderosa. Além disso, o espírito daquele Hov emanava uma energia eletrizante, a Fúria da Dragoa do Mar pulsava como um coração e cada criatura, viva, espiritual ou mundana, eram alimentados por ela...Para qualquer Garou aquele caleidoscópio de sensações poderia ser confuso ou até mesmo assustador, mas para um Godi (Theurge)a conexão dessas naturezas diferentes era como experimentar a energia da própria tríade.

"Ele está vindo...Ele está vindo...o lobo em pele de homem...Chamado-da-Noite...Ele quer você...Ele está chegando. Ele te viu."

As vozes dos espíritos eram diversas e sopravam em seus ouvidos de todas as direções, alertando o lua crescente de que ele não estaria mais sozinho muito em breve. Logo seus ouvidos captam também o outro lado da película os passos suaves na mata, pouco mais do que suficientemente audíveis. Chamado-da-Noite era nascido lobo e um Godi como o próprio Uller, era provável pudesse passar despercebido se assim o desejasse..mas parecia não ser esta sua intenção.

Alguns momentos, é o que demora para que o lupino se faça presente, em sua pele adotiva, como disseram os espíritos para Uller: a de um homem de longos cabelos claros e olhos intensos. Sua voz é um sussurro acima dos demais e ele transmite calma:

- Uller Johansson? Seu treinamento acabou.

Uller bebia dos espíritos como um andarilho sedento à beira de um riacho. Havia muito a conhecer e compreender, e a confusão dos sussuros dos espíritos soava como música aos seus ouvidos. A energia pulsante do Hov martelava em sua têmpora, como se estivesse sincronizada com as próprias batidas do seu coração.

'- Ele me viu?' - repetiu, diante do alerta.

O godi se virou, e logo viu o surgimento do lobo-em-pele-de-homem.

'- Sim, sou eu. E eu estou pronto, Chamado-da-Noite.' - respondeu, dando um passo adiante.

Chamado-da-Noite, que nunca recebera outro nome, era dado à poucas palavras da mesma forma que seus irmãos lupinos. Ele não espera, pois sabia que o outro Godi lhe seguiria e parte pela mata. Era noite recém caída, apesar de ser difícil dizer naquela época do ano pois o verão trazia o sol da meia noite. (continua em Entrada das Cavernas)

Sem hesitar, Uller seguiu o lobo-em-pele-de-homem.