Os Limiares - A Floresta

Hodrik segue caminhando pelos limiares da floresta. Era uma caminhada vagarosa na qual pensava em seu destino e como ser um bom um Skald. Não demoraria muito até chegar nas Cavernas onde encontraria os demais.

Sihtric responde quase de imediato para o sem lua:

- Minha mãe teve um pouco mais de sorte, ela seria uma puta velha, feia e amarga se parecesse contigo.

Lutando para refrear o riso, segue conversando:

- Mas agora que você está falando nisso eu lembrei que uma vez eu ouvi uma história sobre uma Frísia que cobrou o triplo pra deitar com um Danês, ela pariu uma criança que xingou a parteira ao invés de chorar e que tinha uma das mãos em forma de pata de bode. Eles cortaram a mão mas não cortaram a língua, veja bem, de modo que dizem que a criança cresceu e que até hoje é possível encontrar uma puta maneta xingando nos portos da Frísia. Os oráculos chamam isso de maldição da semente Danesa, pelo que ouvi.

Gostava daquele bastardo de língua peçonhenta, não podia negar. Então se concentra no que realmente era importante, o Jarl estava reunindo filhotes.. ele queria o que, criar uma nova matilha? Provavelmente sim, afinal o trabalho que seus antepassados haviam começado deveria ser continuado até os últimos dias. Não sabia que havia outros filhotes estrangeiros mas não acha particularmente estranho, se a Dragonesa do Mar o havia trazido da frísia, porque não outros? Só esperava que Jord (Gaia) não o cercasse de idiotas.

- Há outros filhotes além do Godi que segue Voz-da-Noite, dos lobos?

Sihtric esperava muitas coisas com a história da puta maneta assolada pela maldição da semente Danesa. Uma enxurrada irrefreável de xingamentos maldosos, um nariz quebrado, ou até mesmo cascudo de talhar o crânio. Na melhor das hipóteses esperava até uma lição de Rotagar para Rotagar, do tipo que outros augúrios jamais entenderiam. Mas nada poderia preparar o jovem filhote para a explosão de gargalhadas e para a visão daquele cotoco de braço balançando em conjunto com a respiração exaltada da barriga de Garras-Sangrentas. Já estava com dificuldades de segurar o riso enquanto inventava a história, agora era impossível de evitar e gargalha enquanto ouve sobre os bastardos de Dane.

- Se minha língua não tivesse afiado depois de passar as últimas luas treinando com o dono da boca mais perversa que Jord (Gaia) já viu eu seria um desses seus bastardos, com mijo de saxão no lugar do cérebro.

Estava rindo mas não conseguia deixar de perceber que havia arrancado de Dane a primeira risada genuína em todo aquele tempo. Se aquela noite seria o fim de seu treinamento, então não havia nenhum símbolo maior que esse para marcar a ocasião.

“Vou sentir falta desse bastardo de língua rançosa.”

Os humores estavam elevados conforme a conversa segue, e agora entravam em assuntos mais tortuosos. Dane normalmente não contava porra nenhuma que envolvesse as decisões do Hov, mas essa noite ele estava disposto a falar mais.. talvez pela história da puta maneta, talvez pelo vinho de mel, ou talvez porque ele queria algo de Sihtric que nunca iria falar diretamente.. provavelmente nunca saberia essa resposta. O que sabia até então é que os filhotes estavam sendo convocados e que alguma decisão controversa estava para ser tomada.. aparentemente sobre os filhotes que partiram antes que Sihtric chegasse a Stavenger, pelo que Dana estava parecendo deixar escapar. Sabia que dois filhos do Jarl haviam partido naquela expedição e sabia que um dos filhotes havia sido treinado por Dane também, e um ano era tempo demais para esperar por alguém.. ainda mais por filhotes. Mas aquela leve preocupação na entonação do Rotagar mais velho o deixava instigado, certamente havia mais, e certamente envolvia aqueles filhotes perdidos. Queria perguntar o que estava sendo planejado mas sabia que Dane não responderia algo tão direto, faria um contorno:

- Porque os filhotes de 1 ano atrás são tão importantes? Há outros filhotes, como você bem disse.. tanto quanto eu sei o Jarl poderia por bem fazer outros se quisesse.